terça-feira, 30 de junho de 2015

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Notícia postada no dia 30/06/2015
A fraca resposta internacional no combate ao EI (Estado Islâmico) desde a proclamação do califado, que nesta segunda-feira (29) completa um ano, fez com o que o grupo extremista passasse de um perigo regional, com atuação apenas dentro da Síria e do Iraque, a uma potencial ameaça global devido ao número de seguidores que o EI conquista em todo o mundo. Para a diplomata libanesa Abir Taha, “todos os países onde há considerados infiéis podem se tornar alvo de atentados”.

— O EI já está presente em várias partes do mundo, com células adormecidas que podem, a qualquer momento, atacar o coração do mundo ocidental, incluindo o Brasil. Como controlar, por exemplo, a onda de estrangeiros que estão se juntando ao grupo, se eles quiserem voltar para seus países? Ou ainda, como diferenciar terroristas em meio ao grande número de refugiados que deixa a região?

Na última sexta-feira (26), dois ataques terroristas fora da região de domínio do EI foram reivindicados pelo grupo: na Tunísia, um homem armado abriu fogo contra turistas em um hotel e matou 39 pessoas; no Kuwait, 27 morreram e 227 ficaram feridas em um ataque contra uma mesquita xiita. Estado Islâmico celebra um ano de califado ainda mais forte e com planos de expandir suas fronteiras.

Como as tropas iraquianas e sírias já provaram ser incapazes de deter o avanço do EI sozinhas, a diplomata acredita que o grupo só poderá ser combatido com a ajuda financeira e militar internacional.

— O terrorismo é um problema internacional, por isso, a guerra ao terrorismo deve ser travada por uma coalizão verdadeiramente internacional de Estados determinados a lutar. Infelizmente, hoje não existe uma guerra internacional contra o terrorismo.

Entre os principais empecilhos para que essa guerra seja travada, está o fato de que a definição do que é terrorismo e de quem é terrorista muda de acordo com os interesses de que está fazendo essa definição.

— O termo terrorismo tem sido utilizado arbitrariamente como uma acusação política por governos para descrever os atos de seus inimigos, e, portanto, a sua definição não tem o aspecto legal. Em outras palavras, o “terrorista” está sempre nos olhos de quem vê.

Diante desse problema, Abir lançou o livro Terrorismo Definido, que será publicado no Brasil pela editora Simonsen. Nele, a diplomata tenta fazer uma definição de terrorismo que possa ser “universal”.

— Os atos terroristas violam os direitos fundamentais do homem e os princípios enunciados na Carta das Nações Unidas e da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Significa qualquer uso ilegal da força, atos criminosos de violência ou ameaça da mesma por qualquer motivo, alvejando deliberadamente a vida, a liberdade e/ou a propriedade de civis que não estão diretamente envolvidos em qualquer atividade ilegal ou hostil e que visam espalhar o terror.

O que é um califado?

Depois da morte do profeta Maomé, em 632, seus seguidores concordaram com a criação do califado, que significa sucessão em árabe, como um novo sistema de governo. O califa é literalmente o sucessor do profeta como chefe da nação e líder da "umma", comunidade de muçulmanos, e tem o poder de aplicar a lei islâmica (sharia) na terra do Islã.

O califado era o sistema político comum da comunidade muçulmana desde o nascimento do islamismo com o profeta Maomé e que durou, em diferentes formas e lugares, até o final do califado otomano, que Mustafa Kemal Atatürk aboliu no início do século 20 para criar a nova república da Turquia. R7.

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